segunda-feira, 2 de julho de 2012

Piscicultura vira alternativa para seca



Criação de peixe vira alternativa durante a seca e garante renda para piscicultores do Vale do Apodi

Em tempos de seca, a piscicultura se transforma em uma grande opção de renda para as famílias de Apodi. O município que possui o segundo maior reservatório hídrico do Estado, a barragem Santa Cruz do Apodi, além do rio Apodi e uma imensa lagoa de 18 quilômetros de extensão, configura-se num lugar privilegiado para essa atividade, mesmo neste período de limitação hídrica.
A pesca artesanal é uma prática comum entre os apodienses, mas desde 2005, um grupo de pescadores ligados à Colônia de Pescadores Z-48, resolveu criar tilápia em tanques-redes. Para isso, foi fundada a Associação dos Aquicultores do Apodi (Aquapo) que tem 46 sócios. O trabalho que vem sendo desenvolvido por 11 dos associados começou com experimento na Lagoa do Apodi, mas sem sucesso, logo foi transferido para a barragem, aproveitando um percentual mínimo de seu espelho d’água.
Já em 2006, com apenas oito gaiolas, os pescadores comemoraram a despesca de sete toneladas de peixe, mas esse número foi crescendo e, neste ano, eles assinaram um contrato com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para entregar 33 toneladas. O produto será doado a escolas, associações e entidades sociais por meio do programa governamental Compra Direta.
De acordo com o gestor do projeto de piscicultura do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Renato Gouveia, parceiro da iniciativa, a criação de peixe em cativeiro começou através de pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), que realizou a capacitação dos envolvidos. O Sebrae colaborou ensinando sobre associativismo e acompanhando as atividades comerciais.
Renato explica que hoje esse grupo detém uma fatia de mercado nas compras governamentais e mercado privado de forma mais local, mas que já desperta o interesse de alguns restaurantes de Natal. “Além do peixe in natura, eles vendem o eviscerado e o filé de tilápia. O próximo passo do grupo é montar o próprio ponto de comercialização e um restaurante em Apodi”, disse.
De acordo com o projeto, cada piscicultor trabalha dois dias por semana e, mesmo assim, consegue uma renda média de R$ 500. ”Porém, uma vez por ano, durante a Semana Santa, como aumenta a demanda, cada pescador pode faturar até R$ 4 mil”, destacou Renato Gouveia.
Para o pescador e um dos coordenadores da Aquapo, Antônio Francisco de França, o “Manuzinho”, a vida dele e dos sócios mudou muito depois da iniciativa. “Saímos da água para o vinho. Éramos típicos pescadores, aí quando começamos este trabalho, vimos as coisas mudando”, afirmou. Segundo Manuzinho, as oito gaiolas do começo se transformaram em 150 e a produção fixou-se numa média de 5,5 toneladas por mês.

FONTE: JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS
Da Re­da­ção
jottapaiva@gmail.com


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